domingo, 22 de maio de 2011

Análise da relação entre a estatura e o perímetro abdominal em indivíduos portadores de percentuais normais de gordura.

Olá amigos,

Essa semana eu estive lendo o artigo: Análise da relação entre a estatura e o perímetro abdominal em indivíduos portadores de percentuais normais de gordura (Walter Celso de Lima; Ricardo Wallace das Chagas Lucas; Paulo Afonso Nunes Nassif; Denise Serpa Bopp; Osvaldo Malafaia).
Achei muito interessante, e resolvi postar aqui o RESUMO. Espero que gostem, e acrescente alguma coisa ao trabalho dos colegas.

RACIONAL: No indivíduo portador de obesidade há evidentes alterações morfofuncionais, que caracterizam a síndrome. São empregados vários parâmetros e índices perimétricos na análise de suas medidas antropométricas, que possuem relação com as alterações endócrino-metabólicas. Muitos destes índices são aplicados de forma generalizada à população de uma maneira geral. 

OBJETIVO: Verificar a existência de uma razão cintura-estatura comum em indivíduos masculinos, de 18 a 25 anos de idade, portadores de percentuais de gordura normais, para fornecer modalidade de medida da cintura (perímetro) abdominal personalizada e não generalizada.
 

MÉTODOS: Foram selecionados de forma não probabilística intencional 380 sujeitos do sexo masculino, da faixa etária entre 18 e 45 anos, estratos de estatura de 160 a 169 cm, 170 a 179 cm e de 180 a 189 cm, do banco de dados do Ambulatório da Clínica Escola da empresa IBRATE - Instituto Brasileiro de Therapias e Ensino, sede de Curitiba/PR, com dados inclusos entre os anos de 2004 a 2008. Desta população foram triados 174 indivíduos, da faixa etária entre 18 e 25 anos, possuidores de percentuais de gordura dentro da faixa de normalidade, ou seja, entre 4% e 16% de gordura. Foi determinado coeficiente de correlação de Pearson (r) entre o percentual de gordura e o perímetro abdominal; foi determinada a média e o desvio-padrão de todas as variáveis dispostas, e o intervalo de confiança para 95% para média do perímetro abdominal e as razões cintura-estatura da população foram transcritos em percentuais, e determinadas as médias do perímetro abdominal.

RESULTADOS: A análise da amostra de 174 indivíduos resultou estarem na faixa etária de 21,2 + 2,1 anos; com estatura de 174,3 + 6,2 cm; com percentual de gordura de 10,8 %; com medida do perímetro abdominal de 75,5 + 5,7 cm e com a razão cintura/estatura apresentando o valor de 0,43 + 0,033. 

CONCLUSÃO: Existe relação comum da razão cintura-estatura entre indivíduos do sexo masculino de faixa etária entre 18 e 25 anos portadores de percentual normal de gordura de 43% do valor de sua estatura.

domingo, 15 de maio de 2011

Dicas para manter a resistência atlética e o bem estar

É possível correr com saúde, prevenir lesões antes, durante e depois de uma corrida

A todos os corredores e maratonistas amadores, os especialistas da Mayo dão dicas sobre como correr com saúde, prevenir lesões e alimentar-se e hidratar-se adequadamente antes, durante e depois de uma corrida.

1. Alongamento (Edsel Bittencourt, fisioterapeuta brasileiro de Maringá ? PR, que está na Mayo desde 1997, onde desenvolve trabalhos de fisioterapia esportiva e manual, explica a importância do alongamento para a prática esportiva). 

- Alongamento, aquecimento e hidratação são sempre muito importantes antes de qualquer prática esportiva. Para a participação num evento importante, como uma maratona, é fundamental manter a mesma rotina executada durante o treinamento, usar o mesmo tênis e adotar a mesma alimentação e realizar os mesmos exercícios de alongamento.

 - O alongamento deve ser executado suavemente, em todo o corpo, e seu objetivo é o de restabelecer a função e comprimento natural/funcional do músculo sem lesão de fibras.

- Antes de iniciar um programa de prática esportiva, é fundamental consultar um médico para uma avaliação geral e consultar um especialista para que seja desenvolvido um plano de treinamento adequado à condição física do corredor.

2. Prevenção de lesões (Scott Silvers, chefe do Departamento de Medicina de Emergência da Mayo dá dicas sobre como prevenir lesões relacionadas à corrida). Além do alongamento antes de uma maratona existem outras preparações básicas que energizam e protegem o corpo apropriadamente durante uma atividade de muita exaustão.

 - Nas semanas anteriores a da corrida, diminua as distâncias percorridas, para assegurar um corpo forte e saudável.

 - Nas duas ou três noites anteriores à prova, alimente-se com uma dieta com baixos índices de gordura e alto teor de carboidratos. Não prove nenhuma comida diferente, nem coma grandes porções na noite anterior à corrida.

- Use roupa adequada: verifique o clima da manhã da corrida e se vista adequadamente ao clima. Proteja as partes sensíveis a lesões (como músculos). No dia da corrida não é para experimentar roupas ou calçados novos.

- Durante a corrida, beba somente água para evitar problemas eletrolíticos (como baixa de sódio)

 - Os iniciantes devem tentar manter a tranqüilidade ao iniciar uma prova. Por estar entusiasmado com a prova, é comum começar a corrida em ritmo bastante rápido e logo ficar sem energia. Desfrute do dia, das pessoas e de sua corrida!

3. Nutrição (Sherry Mahoney, diretora de Serviços Nutricionais da Clínica Mayo). Os nutrientes ingeridos antes de uma corrida são tão importantes quanto os que são consumidos durante e depois do evento.

 - O glicogênio, a energia armazenada no fígado e músculos, é o combustível necessário quando se corre e deve ser reposto diariamente, com o consumo adequado de carboidratos. O armazenamento de carboidratos no organismo diminui durante o dia e enquanto se dorme. Os lanches ou refeições devem ser feitas até quatro horas antes de uma corrida. Alguns atletas chegam a acordar durante a noite que antecede o evento para comer e manter os índices adequados de glicogênio.

- A ingestão de carboidratos pode melhorar a capacidade de resistência. Para atletas, recomenda-se a ingestão de 6 a 10 g/kg/dia de carboidratos. Durante o treinamento, a ingestão de carboidratos deve ser aumentada para repor o glicogênio armazenado. Os atletas devem consumir entre 30 e 60g (120 a 240 kcal) de carboidratos a cada hora para melhorar a resistência. De uma a quatro horas antes do evento, os corredores devem consumir 1 a 4 g de carboidratos/kg para preencher os músculos e fígado com glicogênio.

- Existem diferentes tipos de carboidratos que podem ser consumidos, incluindo carboidratos líquidos, sólidos e gelatinosos. Há varias formas de carboidratos gelatinosos e sólidos que podem ser consumidos em movimento. Tente consumi-los durante o treinamento e no dia do evento. Durante o treinamento para a maratona, a ingestão de carboidratos deveria aumentar para repor o glicogênio armazenado.

- A reposição de líquidos e eletrólitos é fundamental quando se corre. Beba cerca de 4 a 8 goles de líquido a cada 15-20 minutos. O sódio é um eletrólito que ajuda a manter o equilíbrio de água adequado em seu tecido corporal. Se nos exercitarmos por muito mais de uma hora, devemos consumir uma bebida de reposição de eletrólitos (bebida esportiva). Este tipo de bebida é principalmente recomendado para aumentar a absorção de água no intestino, mais do que para repor a perda de sódio.

- Recuperar-se depois de um treino de mais de uma hora, ou depois da maratona, é fundamental para o bem estar de um atleta e de sua capacidade para preparar-se para o próximo evento. Não há estudos conclusivos sobre o consumo de proteína nas refeições depois dos exercícios físicos proporcionarem uma recuperação mais rápida do glicogênio e dos músculos. Um sanduíche com manteiga de amendoim e geléia com um copo de leite, por exemplo, pode ser uma boa refeição para a recuperação do atleta. O consumo de 100 gramas de carboidratos deve ser feito cerca de 30 minutos depois da maratona e ser repetido a cada duas horas, até cinco a seis horas depois da corrida, para a reposição adequada do glicogênio.

4. Hidratação (Dra. Jennifer Rotha médica Jennifer Roth, clínica geral, faz importantes recomendações sobre como hidratar-se antes, durante e depois das competições.). Adotar uma hidratação adequada é essencial para que qualquer atleta obtenha seu melhor rendimento.

- Os especialistas recomendam beber o suficiente para produzir urina amarela clara. Altos níveis de consumo de líquidos antes da corrida não implicam em maior rendimento. Não beba em excesso com intenção de se pré-hidratar.

- O Conselho Norte-Americano de Medicina Esportiva recomenda beber com moderação, para deixar que a sede o oriente. Idealmente deve-se beber para repor o liquido que é perdido pelo suor. Um corredor adulto, em média pode beber de 150 a 340 ml a cada 15-20 minutos. Nunca se deve beber maior quantidade de líquido com o objetivo de ganhar peso durante uma corrida, que pode resultar numa super hidratação.

- O consumo excessivo de liquido pode conduzir a uma diluição do sódio no corpo, chamada hiponatremia. Os sintomas da hiponatremia são aumento de peso, náuseas, vômitos, dores de cabeça e tontura. As conseqüências mais graves da hiponatremia é o inchaço cerebral, que pode conduzir a um coma e à morte. Ao perceber estes sintomas, ou perceber que outro corredor pode estar apresentado estes sintomas, procure atendimento médico com urgência.

- Entretanto, não podemos ignorar a sede. O suor que não se repõe com líquidos pode terminar em desidratação, conduzindo a cólicas, baixo rendimento, força, resistência e aumento do risco de passar mal com o calor. É recomendado beber líquidos de acordo com a sede.

- As bebidas energéticas são utilizadas habitualmente pelos atletas para ajudar em sua hidratação. Muitas bebidas esportivas têm carboidratos e algumas contêm eletrólitos. Os estudos não indicam diferenças entre as bebidas esportivas e a água no caso de uma hiponatremia, em eventos de longa distância como maratonas e triatlos.

Erros na hora de correr podem causar lombalgia - Alongamento correto é essencial para prevenir o problema


O número de pessoas que pratica corridas de rua no Brasil vêm aumentando ano a ano. Até o início desta década, eram menos de 100 provas anuais. Atualmente, são mais de 600 corridas todos os anos. Estima-se que existam no país mais de quatro milhões de corredores, sendo que pelo menos 300 mil disputam corridas de rua.

A corrida é um esporte que não exige habilidade específica, como outra modalidade, por isso qualquer um, teoricamente, pode iniciar treinos de corrida, ou até mesmo participar de uma prova.

Entretanto, é preciso ter boas condições de saúde e um preparo físico necessário para iniciar a corrida, como também qualquer tipo de atividade física. 

A lombalgia (dor coluna lombar) é uma das principais queixas entre os corredores. A corrida é uma atividade física que depende da ação da musculatura do tronco para mantê-lo dentro de uma postura correta durante um longo período de tempo. A coluna lombar funciona como ponte de que transmite forças entre os membros inferiores e o tronco, fazendo movimentos básicos de flexão, extensão e rotação.

Por isso a dor ocorre por um problema mecânico. Os músculos não estão suficientemente alongados para permitir uma amplitude total de movimentos do tronco e quadril, e, dessa forma, sofrem mínimas lesões por estiramento durante posturas inadequadas ou movimentos bruscos, resultando em uma resposta de espasmo muscular.

Vários fatores contribuem para o surgimento da lombalgia mecânica em corredores, como o desequilíbrio das forças entre os grupos musculares flexores e extensores do tronco; cargas repetidas ou excessivas na coluna lombar; vícios de postura durante a corrida; menor flexibilidade nos grupos musculares do tronco e membros inferiores; intervalos curtos de descanso entre treinos; fadiga muscular; aumento do treinamento; além de treino em pisos rígidos e tênis inadequado.  

Prevenção
A prevenção das lombalgias se dá através de exercícios de alongamento que devem ser feitos de forma contínua e progressiva, sem sobressaltos, até o limite da dor, quando o atleta deve permanecer na posição alongada durante 20 a 30 segundos, preferencialmente sentado e trabalhando tanto os músculos dos membros superiores quanto inferiores. 
Os exercícios de fortalecimento devem envolver a musculatura paravertebral, pélvica como também toda musculatura abdominal (musculatura do CORE). Estes exercícios são importantíssimos para a proteção da coluna, além disso, o excesso de peso na região abdominal é outra causa na ocorrência das lombalgias, pois muda o centro de gravidade do corpo, exercendo sobrecarga constante sobre a lombar e facilitando o surgimento de lesões, principalmente nas atividades de impacto como a corrida. Se suas dores forem persistentes, deverá procurar seu médico.

domingo, 8 de maio de 2011

TREINAMENTO EM SUSPENSÃO

O treinamento em suspensão é uma moderna forma de realização do treinamento funcional, por proporcionar a instabilidade tanto para membros superiores quanto inferiores, além de ser uma excelente ferramenta para o treinamento da região central do corpo, o CORE.
O CORE é composto por 29 músculos que se inserem no complexo Lombar-Pelve-Quadril. Estes músculos são divididos em estabilizadores e de movimento, e necessitam de um treinamento específico com movimentos integrados, multiplanares e que exijam aceleração, desaceleração e estabilização, sendo este o principal conceito do Treinamento Funcional. O Treinamento em Suspensão constrói um CORE forte com exercícios de equilíbrio e coordenação.

Melhorar a força e a eficiência do CORE está relacionado à prevenção de lesões, melhora da postura e aumento da força geral.

TREINAMENTO TRADICIONAL X TREINAMENTO SUSPENSO
Hoje em dia, muitas pessoas trabalham em escritórios, têm longas jornadas de trabalho, usam mais a tecnologia e atividades automáticas, fazendo-as mover-se menos no seu dia-a-dia. Este novo cenário produz mais inatividade e pessoas não-funcionais aumentando as incidências de lesões como: dor nas costas, lesões de joelho, doenças crônicas na população adulta e lesões musculoesqueléticas. Por isso, este perfil da sociedade atual necessita de considerações especiais na elaboração de seus treinamentos. 
No Treinamento Tradicional ocorre uma divisão dos músculos, onde cada um é trabalhado separadamente, mas quando analisamos os movimentos do dia a dia e também dos esportes, percebemos que nem um é executado de forma isolada, existe sempre a integração de vários músculos e articulações.

Já o Treinamento Suspenso é conceitualizado em um programa de treinamento voltado para uma sociedade que tem desequilíbrios estruturais físicos e por isso suscetível a lesões. É um processo de programação que sistematiza o progresso de qualquer cliente para qualquer objetivo. Embasado em uma progressão sistemática que permite que qualquer cliente adquira níveis ótimos fisiológicos, físicos e adaptações específicas.
O Treinamento Suspenso enfatiza o corpo trabalhar em todos planos de movimento. Trabalha as ações musculares nas fases concêntricas, excêntricas e isométricas.
Cria uma habilidade de o corpo estabilizar-se e equilibrar-se. Os movimentos seguem uma evolução neural, partindo dos mais simples para os mais complexos e exige que o corpo trabalhe como um todo.
Retirado e adaptado de: HOME GYM - Treinamento Suspenso - Fabiano Malheiros

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Lesão dos Músculos Posteriores da Coxa


Uma lesão dos músculos posteriores da coxa (distensão do músculo femoral posterior, laceração dos músculos posteriores da coxa) é qualquer lesão dos músculos posteriores da coxa. 



Os músculos posteriores da coxa, que endireitam o quadril e flexionam o joelho, são mais fracos que seu oponente, o músculo quadríceps da coxa. Se os músculos posteriores da coxa não possuírem pelo menos 60% da força do quadríceps, este irá subjugá-los e acarretará uma lesão. 


Uma lesão dos músculos posteriores da coxa geralmente causa dor súbita na região posterior da coxa quando esses músculos contraem de forma súbita e violenta. O tratamento imediato inclui o repouso, a aplicação de gelo, a compressão e a elevação. 



O indivíduo não deve correr ou saltar, mas pode realizar corridas no lugar, remar ou nadar – exceto se essas atividades causarem dor – enquanto o músculo cicatriza. Após o início da cicatrização, os exercícios de fortalecimento dos músculos posteriores da coxa ajudam a evitar a recorrência do quadro.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Kettlebell e o conceito de super rigidez

Novidade no mercado brasileiro, o kettlebell ainda continua a impressionar muitas pessoas que têm a oportunidade de presenciar uma seqüência de movimentos realizados com essa bola de ferro, de maneira contínua, porém muito potente, e explorando de uma forma muito intensa todo o potencial físico que uma pessoa pode ter.

Como já era esperado num mercado sério e com o apoio do CREF, o questionamento sobre a segurança e efetividade de se utilizar essas ferramenta de forma balística no treinamento esportivo continuam aparecendo e as incertezas criadas pela ausência de trabalhos publicados na língua portuguesa (porém publicados na sua língua nativa, da antiga União Soviética) reforçam a necessidade de se justificar na prática o porquê da qualificação do treinamento com kettlebells como a mais eficiente ferramenta na busca da melhora na performance e no treinamento físico.

De acordo com o último livro de Stuart McGill, “Ultimate back fitness and performance”, há muitas variáveis trabalhadas no treino de kettlebell que seguem o princípio da “super rigidez”, um conceito introduzido primeiramente por Pavel Tsatsouline, em seu livro “The naked warrior” (“o guerreiro nu”), lançado nos Estados Unidos, em 2003. Essas variáveis são conhecidas desde os tempos antigos na Rússia, porém apenas foram estudadas no mundo ocidental nos últimos anos, e só agora publicadas na terceira edição de 2006 do livro de McGill, e elas prometem assegurar uma melhora no rendimento e uma diminuição do risco de lesões, em direção à uma performance de elite. Mcgill organizou essas variáveis da seguinte forma: 

Contração rápida, seguida de um relaxamento imediato do músculo.
Segundo os estudos de McGill, a capacidade dos atletas de elite de contrair rapidamente seus músculos é altíssima, mas o que chama mais a atenção é a capacidade de relaxá–los rapidamente após a ação. Como um boxeador que quase flutua ao se movimentar no ringue antes de aplicar um soco em alta velocidade, ou um velocista colocado nos blocos de largada antes do tiro, esses atletas de alto nível apresentam essa capacidade de contrair e relaxar rapidamente, porém isso não é fácil de ser treinado, por integrar muitos movimentos de potência, como arremessos, socos e chutes, ou outros movimentos que se iniciam com uma contração forçada do músculo de forma rápida antes da ação, como ao se contrair os glúteos ao se preparar para um salto.



McGill sugere que o trabalho de ativar e relaxar o músculo rapidamente deveria ser treinado, buscando o que ele se refere como a super rigidez (superstifness), conceito introduzido por Pavel Tsatsouline. Essa técnica precisa ser aperfeiçoada visando uma melhora na capacidade de se orientar a geração das forças por todo o corpo em direção a uma meta comum de gerar potência.

Porém podemos treinar isto de maneira segura e controlada ao realizarmos o “swing”, movimento inicial e pré–requisito para todos os outros exercícios feitos com o kettlebell. 

O controle fino dos músculos. McGill explica a importância de se manter as características elásticas do músculo como maneira de se atingir o máximo potencial na produção de energia. Se o músculo está num estado muito relaxado, ou seja, completamente desativado no momento que precisa gerar ação, a energia elástica se dissipará; se por outro lado o músculo se apresenta muito rígido, ou contraído , a energia não será aproveitada de maneira satisfatória. é sugerido que se aja uma pré–contração de 25% da máxima, antes de se ativá–la contra uma carga. Em movimentos dinâmicos de rotação do tronco, o swing do golfe por exemplo, o indivíduo corre um risco de prejudicar em muito a integridade dos seus discos vertebrais se buscar a amplitude máxima do movimento, que significa interromper o movimento apenas quando as facetas se trancarão, o que pode resultar numa lesão estrutural grave quando repetida muitas vezes e com muita velocidade. 

Ativação conjunta dos músculos. Para se gerar a sugerida super rigidez, é necessário que se contraia todos os músculos ao redor da mesma articulação, de forma que se crie um conjunto de forças que atuem como uma só unidade, de maneira a estabilizá–la completamente. Por exemplo, num movimento do tronco, o reto abdominal, os oblíquos e o transverso abdominal formam um cinturão rígido ao redor da coluna, como forma de estabilizá–la, e o treinamento de movimentos compostos auxiliam no desenvolvimento dessa capacidade. A característica de integração do treinamento de kettlebell está presente em todo e qualquer movimento realizado com essa ferramenta, e a requisição necessária de todas as musculaturas para se manter o indivíduo sempre numa postura adequada se torna padrão após algumas sessões praticando esses movimentos. 



Orientando o fluxo neural. O conceito de se treinar o bíceps em um de seus braços, mas não o outro, e mesmo assim se registrar um aumento de força no lado não treinado é bastante utilizado na fisioterapia; porém se usarmos esta idéia como forma de gerar aquela extra força no momento que o peso trava num exercício de supino (stick point), podemos aumentar em muito a geração de força simplesmente nos concentrando em contrair músculos em articulações diferentes daquela trabalhada. E quanto mais articulações se consegue ativar, melhor o conceito de super rigidez será utilizado. Por exemplo, no exercício get up sit up, a utilização intencional do ato de fechar firmemente a mão oposta à que carrega o kettlebell, oferece uma assistência muito perceptível ao se realizá–lo e conseguir superar o stick point no momento de se sentar na posição ereta. 

Eliminar as perdas de Energia. Para se adquirir uma eficiência na transferência das forças entre as diferentes articulações do corpo, se é necessário eliminar as regiões que não apresentam uma adequada rigidez e firmeza durante as contrações, resultando num aproveitamento completo das energias ao direcioná–las para um objetivo comum.
A idéia sugerida por McGill é que para se obter uma base estável para que os movimentos se iniciem dela, é necessário se realizar essa ação conjunta e com muita rigidez, visando uma transmissão eficiente e adequada nas cadeias cinéticas.

O teste da flexão de braço e do agachamento em uma perna só, sugeridos por Pavel, são excelentes na tentativa de se eliminar essas perdas e criar uma unidade que se move em uníssono na execução desses exercícios. 


Superar o ponto de fadiga. O uso da super rigidez é também muito importante em se realizando uma ação limítrofe (de travar o movimento = stick point), como quando o atleta fazendo um supino e a barra só consegue chegar até a metade de uma extensão total de cotovelos (stick point), seria esse o momento que a contração de outros músculos, buscando uma total rigidez, farão a diferença e ajudarão a finalizar o movimento. Experimente na próxima vez que se sentir nessa situação de travamento num supino, imaginar dobrar a barra ao meio ou “alongá–la” para os lados, o que resultará num aumento da rigidez e auxiliarão no término da execução. O uso do military press (desenvolvimento) com um kettlebell mais pesado do que se normalmente usa, pode ser utilizado para se explorar os stick points e como a ativação das musculaturas complementares fazem toda a diferença nesse movimento. 


Otimizar o sistema conectivo passivo. Disposto a comprar uma briga com o pessoal do alongamento, McGill sugere que o trabalho de flexibilidade feito durante anos por técnicos e treinadores só prejudicaram os atletas de elite. Ele sugere que esses atletas deveriam se alongar apenas dentro das amplitudes necessárias na modalidade que eles praticam. Novamente usando o mesmo conceito da super rigidez, McGill explica que esses atletas usam os sistemas conectivos como molas, e dependem de uma certa rigidez para agirem dessa maneira. O alongamento deveria ser usado, sim, para a correção de desequilíbrios musculares, mas não pra tentar fazer com que a pessoa seja o mais flexível possível em todas as articulações como um todo. Por isso da importância das avaliações dos movimentos para se identificar esses desequilíbrios. O uso de um turkish get up como forma de se encontrar essas diferenças em amplitudes de movimentos auxilia em muito essa identificação e correção de padrões inadequados através do próprio exercício.


Todos esses conceitos são alguns dos alicerces do kettlebell training, e o conceito de super rigidez já é utilizado pela maioria dos atletas de elite, muitas vezes inconscientemente. A associação desses conceitos e sua utilização consciente no treinamento atlético e mesmo no treinamento de pessoas normais aumentam em muito as chances de sucesso no trabalho físico realizado e com muito menos chances de lesões ao praticarem suas respectivas atividades, diárias ou esportivas.

Referências
McGill, S., (2006) Ultimate Back Fitness and Performance, 3rd Edition, Backfitpro Inc, Ontário, Canadá
Tsatsouline, P., (2003) The Naked Warrior, Dragon Door Publications Inc, St Paul, Mn. USA
Tsatsouline, P., (2001) The Russian Kettlebell Challenge, Dragon Door Publications Inc, St Paul, Mn. USA